A Mística do Sacerdócio

Às vésperas  da Festa de Todos os Santos, estamos diante de uma grande oportunidade e incentivo para rezarmos pelo Sacerdócio.

Vamos ver na vida dos Santos, como a graça de Deus vem sempre ao encontro das nossas misérias e fraquezas, vem a cada instante com o seu amor e as suas ações por nós.

Exemplos não nos faltam na vida da Igreja. Podemos pegar o encontro surpreendente de Saulo com Jesus ressuscitado na estrada para Damasco, que com certeza,  enche o nosso coração de coragem e de ousadia. Sim, podemos e devemos ousar na fé. Acreditar nas iniciativas de Deus em favor da sua Igreja e em favor de cada um dos seus Sacerdotes espalhados pelo mundo inteiro e aqui quero incluir, também, cada uma das nossas queridas irmãs religiosas, chamadas a serem  << esposas de Cristo >> no mundo de hoje.

E essas iniciativas do Senhor, não podem ser medidas e nem colocadas numa cartilha, porque para Deus tudo é possível. E tudo é tudo, não há como limitarmos o seu poder e a sua ação. Quem poderia imaginar que aquele que era perseguidor dos cristãos, havia sido separado e escolhido pelo próprio Cristo para ser seu apóstolo?! E que o milagre da transformação (conversão) do seu coração seria ainda maior do que o milagre de transformar a água em vinho nas bodas de Caná?! Saulo foi surpreendido por essa manifestação do Senhor. A iniciativa foi de Jesus ressuscitado, e esse encontro mudou completamente a trajetória da sua vida. O que faz de Paulo (seu nome depois de convertido) um místico.

Assim devemos entender, também, toda pessoa vocacionada para a vida religiosa. Ela vai escutar um chamado de Deus, e vai dar o seu sim, vai dar uma resposta pessoal para o Senhor. O seu sacerdócio, a sua vida consagrada, nasce desta mística. Então, todo Sacerdote, na raiz da sua vocação, é um místico. Porque foi de Deus que ele sentiu o apelo para ser sacerdote e é para Deus que ele deve atender a este apelo.

Não será para si mesmo. Será para Deus, na Igreja, com a Igreja e para a Igreja, pela salvação das almas. Ele vai precisar desta mística na sua vida, no seu dia-a-dia, para poder sustentar o seu Sacerdócio. Vai precisar, sobretudo, ter uma mística Eucarística. Sem o que não conseguirá se sustentar. Não conseguirá ser fiel. Não podemos nos esquecer do tema do Ano Sacerdotal: < Fidelidade de Cristo, Fidelidade do Sacerdote >. A questão da Fidelidade esta no centro da vida de cada Sacerdote.

Sem viver esta mística do seu encontro pessoal e de ter uma intimidade com o Senhor, ele não terá como sustentar a sua própria santidade. E menos ainda terá condições de cuidar da santificação das outras pessoas. Um Sacerdote sem o cuidado e o esforço da sua santidade pessoal, não tornará a sua Paróquia santa e nem santificará a sua Diocese. E assim, infelizmente, irá fracassar com o seu Sacerdócio. Irá ferir o corpo místico de Cristo que é a Igreja.

Depois de receber o Batismo do Espírito Santo, pela oração de Ananias; Paulo ficou ainda uns três anos vivendo o seu processo de conversão. E, também se apaixonando por Jesus. Até se colocar fielmente a seu serviço. É fácil de ver este coração inflamado e apaixonado por Cristo em todo o seu apostolado. E ai também esta um ponto importante para a vida de todo Sacerdote, de toda pessoa consagrada na vida religiosa: permanecer apaixonado por Jesus. Não perder os dias do primeiro amor, mas sempre buscar a renovação deste amor. Sempre se manter numa relação estreita e de cumplicidade com aquele que é o Esposo de todas as almas consagradas.

Para se manter viva a chama deste amor, é preciso ter esta mística de uma vida em Deus e com Deus. Uma mística que passa pela misericórdia, pela compaixão, pelo perdão, pelo amor e pela verdade. Vai abranger toda a sua vida diária, desde os pequenos detalhes do seu cotidiano. Sem escapar nada.

E vai ser exigido muito. Muita humildade. Muita caridade. Muita pureza. Muita escuta de Deus. Muito abandono. Muita abnegação. Muito “morrer” todos os dias. Muito “pegar a cruz”. E essa < imolação do Sacerdote >, essa < imolação de toda vida consagrada > é o mais difícil de se viver, de se manter, de se querer.

A imolação esta na solidão de vida, no celibato, na obediência, na fidelidade. Quem disse que é fácil ser fiel? Quem disse que é fácil manter o celibato? Quem disse que é fácil obedecer ao Evangelho? Obedecer a hierarquia? Obedecer ao Magistério? Quem disse que é fácil enfrentar a solidão de quem abriu mão de ter a sua família? Quem disse que é fácil anunciar Jesus Cristo e se tornar sua testemunha?

Quem disse que foi fácil para São José? Quem disse que foi fácil para Nossa Senhora? Quem disse que foi fácil para os Santos? Quem disse que foi fácil para São Paulo? E voltando lá para a vida deste grande Santo: quantas lutas, perseguições, dificuldades, naufrágios… Que ele soube enfrentar com destemor. Com perseverança. E com uma confiança absoluta naquele que o havia chamado: < Tudo posso naquele que me fortalece >.

Olhando para a vida de São Paulo, queremos no dia de hoje tomar posse dessas palavras para a vida de cada sacerdote, especialmente para aquele, que por qualquer razão não esta conseguindo mais viver a sua própria santidade e por conta disso não consegue mais comunicar a salvação de Cristo para as pessoas e ousamos pedir na fé: < Senhor Jesus, venha dar aos teus Sacerdotes do mundo inteiro a graça de vencer as suas maiores lutas; que eles possam, como São Paulo, dizerem: < Tudo posso, tudo espero, toda graça eu tenho naquele que me fortalece >. Faça jorrar, Senhor, do teu Coração Eucarístico as tuas graças para aqueles Sacerdotes que mais estiverem precisando. Amém. >

Com as nossas orações, Com Pe. Pio, Beata Madre Teresa de Calcutá, Beato João Paulo II e de todos os Santos do Céu !!!

Ernesto Peres de Mendonça 

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